Concurso literário premia os melhores textos dos estudantes de Picada Café

         Começou nas escolas, depois foi feito uma seleção na Secretaria da Educação e Cultura e por último, o Sarau Literário. Esse foi o ápice para escolher quem são os melhores textos do Concurso Literário 2017. O sarau fez parte da programação da 17ª Feira do Livro e aconteceu na quinta-feira, 05, à noite, na Sociedade Aliança. O escritor João Pedro Roriz, patrono da feira em 2016, foi quem conduziu a noite de celebração da literatura. Ele fez parte do corpo de jurados junto com o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Nova Petrópolis, Paulo Roberto Staudt, o também escritor Luiz Werle, a professora de Língua Portuguesa Célia Weber Heylmann e a leitora Kellen Kunz. Os estudantes finalistas subiram ao palco e declamaram ou leram seus textos. Foram avaliados os textos em si como também a interpretação desses. Medalhas e troféus foram distribuídos. Os alunos foram premiados de acordo com a categoria. Destaques da noite ainda para a apresentação do segundo ano do ensino médio da Escola Décio Martins Costa chamada de “A Morte Amo” que se refere ao “Dia de los Muertos” comemorado no México e para o lançamento do livro Céu de um Verão Proibido Dois de João Pedro Roriz.

Os alunos premiados:

CATEGORIA A – ALUNOS DO 4º AO 6º ANO

QUESITO AVALIAÇÃO DO TEXTO

1º LUGAR – GABRIELE ENZWEILER DOS SANTOS

2º LUGAR – MANUELA BULLER DISS

3º LUGAR – BETINA MEWIUS

QUESITO INTERPRETAÇÃO

1º LUGAR – GABRIELE ENZWEILER DOS SANTOS

2º LUGAR – BETINA MEWIUS

3º LUGAR – MANUELA BULLER DISS

CATEGORIA B – ALUNOS DO 7º AO 9º ANO

QUESITO AVALIAÇÃO DO TEXTO

1º LUGAR – ELENA BENKE

2º LUGAR – LETÍCIA WILLE WITTMANN

3º LUGAR – JONATAN WIEST

QUESITO INTERPRETAÇÃO

1º LUGAR – ELENA BENKE

2º LUGAR – LETÍCIA WILLE WITTMANN

3º LUGAR – KETLIN TAMARA BACKES

CATEGORIA C – ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

QUESITO AVALIAÇÃO DO TEXTO

1º LUGAR – NADINE DAHMER

2º LUGAR – DIENIFER DA ROCHA SCHNEIDER

3º LUGAR – AMANDA HOLZ

QUESITO INTERPRETAÇÃO

1º LUGAR – NADINE DAHMER

2º LUGAR – DIENIFER DA ROSCHA SCHNEIDER

3º LUGAR – AMANDA HOLZ

Os textos premiados:

Imensidões azuis

         Mar. Palavra pequenina.

         Menor, até que a própria borboleta.

         Mas é o que mais ocupa.

         Espaço em nosso enorme planeta.

         O mesmo a palavra céu.

         Tão pequena, algo tão bonito...

         E com um significado quase infinito.

         À noite, a lua com seu sorriso cativante,

motiva as elegantes ondas do mar.

         E as estrelas, com seu brilho radiante,

no céu até parecem milhares de luminosas velas.

         Não sei se você sabe, mas isso acontece.

         De vez em quando o céu fica cinzento.

         Um pouco ele escurece.

         E quando isso acontece, o mar fica violento.

         Dessas tais imensidões azuis, tenho muito o que falar.

         Muito o que pensar. O que imaginar.

         Jamais vou esquecer e não vou deixar de amar:

         Céu e mar,

que tanto me fazem sonhar!

Gabriele Enzweiler dos Santos

4º ano

Escola Municipal 25 de Julho

Conflitos

         E todos me falavam, isso é frescura da tua cabeça, menina! Quanto drama! Isso é coisa de adolescente desocupado! Isso que dá assistir essas novelas da Globo! Sai desse quarto, guria! Se largasse esse celular e olhasse para a vida real! Menina é menina e menino é menino, não há dúvida, só aceite! Maria Júlia, te põe no teu lugar!

         Mas ninguém, nem minha melhor amiga, nem minha mãe, nem mesmo meu diário cor-de-rosa surrado, sabiam o que se passava dentro de mim.

         Minha mente estava uma confusão. Eu sempre tive a certeza do que sou, sempre, mas com essa chuva de opiniões, comecei a me sentir muito confusa. Eu me sentia fria, seca, me sentia cheia da situação que eu estava tendo que conviver dia após dia.

         Meus pais, ah! Os meus pais nunca entenderiam! Diferentemente das duas filhas muito bem-casadas, segundo os padrões aceitos pela sociedade, a terceira sentia atração   por pessoas do mesmo sexo. Meus pais pensam que isso é escolha, mas eu já nasci assim, eu sei.

         Ao contrário da maioria das pessoas que sentem esse conflito, eu nunca tive nenhum tipo de dúvida em relação ao meu corpo, sempre gostei do meu estereótipo, gostei de cuidar do meu cabelo ruivo acastanhado e de manter as unhas devidamente longas e pintadas, sempre com meus vestidos laranja floridos e sandálias Cravo e Canela.

         O único incômodo era o meu interior, eu não sentia atração por nenhum dos garotos que minhas amigas idolatravam, eu não os via como deuses, assim como elas se referiam a eles. Eu nunca, nem na minha mais terna infância, sonhei em ter um príncipe encantado.

          O meu problema não é nem o que os outros vão pensar sobre mim, eu quero apenas poder ser eu mesma! Poder ter o livre arbítrio de falar a qualquer um sobre a minha sexualidade e sem ter vergonha dizer que eu, Maria Júlia Anchieta, sou uma garota que gosta de garotas e que não tem nem um problema de gritar aos ouvidos dessa sociedade preconceituosa que eu considero justa toda forma de amor.

Elena Benke - 8° ano

Escola Municipal 25 de Julho

A estratégia da ilusão

      Muitos questionavam que uma mulher não daria conta de subir ao trono, eu estive lá, por muito tempo. Vários tentavam forçar um casamento com qualquer um que acreditavam ser apto a esse “cargo”. Em algum momento alguém se voltara a mim para saber o que eu queria? “Case-se.” “Tenha um herdeiro.” Era apenas o que diziam. Tudo que eu queria era governar meu reino sem subordinar-me a um velho barbudo.

      Em um dia qualquer do mês de outubro, fui caçar, quando avistei lobos atacando um plebeu. Rapidamente cavalguei até lá, detive a fera e notei que o moço estava muito ferido. Dudley, meu conselheiro o pôs no lombo do cavalo e nos dirigimos ao palácio.

      Um dia após, ele acordara apavorado, perguntando o que acontecera. Quando soube disso, fui até lá conferir se ele estava bem. Com cuidado abri a porta, fechei a atrás de mim e recostei-me nela. Em silêncio o observei, apesar das feridas, era um belo rapaz. Me virei para sair, mas estava escuro, apalpei a parede em busca de iluminação e acabei derrubando um vaso de flores, que causou um imenso estrondo. Assim acordando o moço que adormecera há algumas horas. Com curiosidade perguntei seu nome e como viera parar às margens do castelo. Ele pedira o meu e por um momento até esqueci a resposta. Sem querer, notei cicatrizes em seus braços, as quais eu jurava não serem recentes. Seus olhos já deviam ter visto cenas que eu nem saberia descrever. Um pigarreio interrompeu meus pensamentos: “Elizabeth, mas me chame de Beth.” Os dias passaram, e as horas com Ryan cada vez mais depressa, uma alegria estonteante percorria meu corpo assim que o via.

     Um dia, levou-me para passear fora dos muros do castelo. Assim que entrelaçou a mão na minha, senti meu rosto corar. Me guiou em direção a uma praça, onde havia um lago, cujas águas eram negras como a noite. De repente, puxou-me para perto e me beijou com seus lábios suaves. Meu coração parecia saltitar, pois sonhava com isso há mais de um mês, contudo percebi que ele parecia inquieto. No reflexo da água vi uma adaga vindo em minha direção e estremeci. Paralisada, ouvi o som de uma lâmina e senti sangue escorrendo em meu peito, mas não era meu e sim dele. Rapidamente o larguei e vi Dudley ao meu lado com sua espada e uma carta contendo a identidade do traidor.

      Em prantos, aninhei-me junto a ele, processando o ocorrido. Tudo não passava de uma farsa, malditos espanhóis, o que não fazem por poder! “Dudley, informe a todos: a partir de hoje, eu Elizabeth I, rainha da Inglaterra, não casarei jamais!” Embora muitos duvidem de minha virgindade, detesto informar, a verdade permanecerá comigo por toda a eternidade.

Nadine Dahmer

Segundo ano do Ensino Médio Escola Décio Martins Costa