A realidade pode ser dura, mas também muito inspiradora

        Elas desfilaram! Muito mais que charme, beleza e simpatia. Desfilaram uma carga enorme de emoções, de lutas, de vitórias e de inspiração. Dez mulheres reais, dez mulheres incríveis. Convidadas de honra do 1º Encontro de Mulheres Reais, o desfile no Parque Histórico Municipal Jorge Kuhn emocionou. Antes de brilharem na passarela elas tiveram suas histórias de vida lidas por Cáthia Nöller ao microfone. “Meu coração parecia que ia saltar pela boca. Reviver minhas histórias foi emocionante”, disse Elisete Beatriz Benke, colaborada da Emater/Ascar de Picada Café. Os aplausos recebidos das outras 150 mulheres que estavam presentes mostraram que as 10 histórias que passaram em frente aos seus olhos também as representava. E há de seguir, firmes, fortes e construindo novas histórias. A última a desfilar foi também quem externou ao microfone a sua luta contra o câncer. Verônica Isabel Bohn, 37 anos, descobriu um câncer de mama quando era mãe há sete meses. Com a repulsa para mamar em uma das mamas de seu filho Verônica fez exames. Ali descobriu um tumor. Iniciou um tratamento. Perdeu cabelos, retirou a mama. Curou-se! Deixou seu recado. “Aproveitem a estrutura que Picada Café oferece em saúde e qualidade de vida. Alimentem-se bem, façam atividades físicas, tomem sol e previnam-se.” E falando em prevenção, Verônica mostrou como as mulheres devem fazer o autoexame. O fez junto com Herta Klein, convidada especial da tarde.  

        A tarde de atividades começou às 14h. As “modelos” prepararam-se num dos camarins do parque. Alana Moraes, maquiadora profissional, prestou seus serviços gratuitamente. Alexandra Medeiros, a mentora dessa tarde, resumiu em três palavras o que as mulheres devem buscar e observar. “Beleza, potencial e talento. Pensando nisso organizamos esse momento. Trouxemos mulheres reais e lindas para nos inspirarmos.” O prefeito Daniel Rückert, o vice-prefeito Luciano Klein e a secretárias de Saúde e Assistência Social, Nívia Closs Kasper e de Turismo, Indústria e Comércio, Cléri Spindler e a vereadora Karin Spier, representando o Legislativo, prestigiaram o evento. A equipe do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) fez o trabalho de suporte e organização. Brindes foram sorteados, graças às empresas de Picada Café. Um lanche foi compartilhado para encerrar a tarde. Em 2020 mais uma edição ocorrerá. Outras mulheres reais contarão suas histórias. Aliás, para esse próximo ano a médica Fabiana Kruppa lançou um desafio. “Vamos nos reservar um minuto por dia para pensar em nós, respirando tranquilamente e tomarmos consciência do nosso eu?”

EMPRESAS PATROCINADORAS DOS PRESENTES

·        AK Imóveis

·        Alkance Calçados

·        Banrisul

·        Bebele Clínica Estética

·        Câmara de Vereadores

·        Coopershoes

·        Criativa Fotos e Filmagens

·        Dandi Rose

·        Esquema Contabilidade

·        Greice Hair

·        Grupo de Voluntários de Picada Café

·        H. Maria

·        Lebes

·        Lojas Lewi

·        Nossa Shoes

·        Padaria e Confeitaria Beija-Flor

·        Piá

·        Posto do Umbu

·        Pro Pé

·        Refit Academia

·        Ruppenthal Embutidos

·        Schmitt Tricot

·        Sicredi

·        Tenda do Umbu

QUEM DESFILOU?

Abaixo estão os relatos e/ou descrições de quem passou pela passarela.

·        Edi Vergutz - 74 anos

 Nasceu em Cunha Porã/SC. Está em Picada Café há 14 anos, viúva, 06 filhos.

“Boa tarde, sinto que aqui são todos meus amigos, quem conheço e quem não conheço. Gosto de passear, de viajar de ônibus e de avião. Comecei a viajar longe em 2014. Participo do Projeto Pôr do Sol, do Grupo de Idosos e adoro um baile. Quero sair e me divertir pelo tempo que puder. As dificuldades da vida é a gente que faz.”

·        Florinda Silva da Veiga – 76 anos

Nascida em São Martinho, hoje com 76 anos.

Mora a 13 anos em Picada Café, mas a vida até aqui não foi fácil. Entre idas e vindas e muitas experiências foi criada por uma família que lhe acolheu, após a mãe ver-se sozinha com quatro crianças. Muitas foram as dificuldades: na infância não frequentou a escola, enfrentava uma rotina de trabalho pesado, tanto doméstico como na lavoura. Casou-se, foi morar próxima aos sogros e teve sete filhos, perdendo três destes ainda bebês. Mesmo casada, era a chefe e esteio da família.

Viúva há 10 anos, dividi suas atividades entre sua casa, filhos, netos, grupos e muitas amizades. Quem a conhece sabe do seu riso fácil, das piadas que quebram o gelo, das histórias bonitas dos tempos passados. Em seus olhos sempre vemos a alegria de viver.

Florinda Silva da Veiga... Para os mais chegados: Flor, Dona Florinda, Florzinha.

·        Teresinha Rückert – 60 anos

Teresinha Rückert nasceu no Morro Bock em 1958, quando este bairro ainda pertencia à cidade de Ivoti. Com seis anos de idade, mudou-se para Dois Irmãos com sua família. Segunda filha de uma família com cinco filhos e de poucos recursos, teve que começar a trabalhar cedo. Aos 12 anos iniciou a trabalhar como babá. Dos 14 aos 20 anos trabalhou em uma fábrica de calçados. Aos 20 anos casou-se com Guiomar Rückert, voltou a morar no Morro Bock, agora pertencente à Picada Café e começou a trabalhar na Tenda do Umbu, onde permaneceu até a aposentadoria. O casamento teve muitas alegrias, como o nascimento de seus três filhos, mas encerrou-se de uma forma trágica, com a morte do marido aos 38 anos. Nesse momento, Teresinha se viu sozinha para cuidar dos três filhos menores de idade na época. Hoje os filhos estão crescidos e Teresinha pode fazer coisas que gosta, como viajar, fazer artesanato e jogar cartas.

·        Maria Goretti Utzig Model – 63 anos

Natural de Picada Café, 63 anos, destes 40 de casada. Um casal de filhos. O filho hoje tem 37 anos, nasceu com cinco quilos de parto normal. Mamou até um aninho. A filha hoje com 33 anos nasceu com 4,5 quilos. Mamou até os seis meses. E a família cresceu, tendo duas lindas netas. Trabalhou no comércio, fábrica de calçados, onde aposentou-se como supervisora. Fez concurso público e trabalha como agente comunitária de saúde há 19 anos. Gosta muito de seu trabalho. Sente-se realizada!

Trabalhou muito na roça, tirou leite de vaca. Ajudou o pai que era ferreiro e a mãe no moinho. Como diz ela: “trabalhei onde faltava”. O que trouxe muitas experiências, como, por exemplo, ser uma das primeiras mulheres a pilotar trator e carro na nossa cidade.

Adora bolão, gosta muito de ir à praia, de uma boa comida. Adora morar em Picada Café.

Como na vida, também passou por momentos difíceis, perdeu uma irmã com 40 anos e uma sobrinha de 28 anos para a batalha contra o câncer.

Sua mensagem: “Sinto-me uma mulher batalhadora, guerreira e de muita fé. As palavras chaves do meu dia a dia são fé e gratidão.”

·        Juliana Prates – 33 anos

Nasceu em 26 de agosto de 1986 em Dionísio Cerqueira-SC.

Veio para Picada Café com dois anos de idade. Atualmente está com trinta e três anos de idade e tem união estável com Mauri Koch, com o qual está desde os quinze anos de idade e não tem filhos. Já foi costureira de calçado, agente comunitária de saúde, vendedora e desde 2017 ocupa o cargo de secretária executiva da Câmara de Vereadores do Município. É alegre, divertida, gosta de festas, dançar, e estar em contato com pessoas, sempre com um sorriso no rosto. Filha de João e Lucia Prates!

Juliana Prates, a Juh.

·       Elisete Beatriz Benke - 45 anos

Nasceu em Porto Lucena – RS, aos 08 dias do mês de fevereiro de 1974. Ao nascer, pesou cinco quilos e com dois meses teve desidratação, pesava três quilos. Os médicos mandaram para casa, para morrer em casa! Com muita dedicação, especialmente do pai que fazia em casa as injeções, se salvou! Caminhou apenas aos dois anos! Como sua mãe era professora e balconista de um armazém, foi com o pai que era agricultor, que Elisete aprendeu a cozinhar, fazer pão e demais lidas da casa. Aos 10 anos, perdeu tragicamente o pai. A mãe, fez um esforço sobrenatural para criar seus cinco filhos. Aos 13 anos Elisete foi morar em casa de família em outra cidade para poder estudar. Foram anos amargos, de muito trabalho e sacrifício. Formada em magistério, logo começou a trabalhar na Secretaria de Educação em Porto Vera Cruz. Casou aos 21 anos com Adilson de Souza e aos 22, teve sua primeira filha Aline. Em 2001, começou a trabalhar em uma escolinha o dia todo, como professora e diretora de escola, que tinha ao todo, 20 alunos! Foi nesta escolinha que ela alfabetizou sua filha Aline. Em julho do mesmo ano, veio o chamado para a Emater! Não foi uma escolha fácil! Mas dia 09 de julho de 2001, assumiu a Emater em Vitória das Missões. Lá trabalhou por 11 anos e também foi lá que nasceram as filhas Elena e Anna Beatriz! Embora gostasse muito de Vitória das Missões, Elisete se encantava com esta região ao vir, de vez em quando, visitar os irmãos em Canela. Até que houve um pedido de transferência e vieram conhecer Picada Café! Foi amor à primeira vista! Desde 16 de fevereiro de 2012, Elisete mora e trabalha aqui na Emater. Os primeiros tempos também não foram fáceis, especialmente com a língua alemã que ela não fala e não entende! Mas agora, passados oito anos, já se sente em casa aqui! Através do Polo Universitário, se formou técnica em Agroindústria e Bacharel em desenvolvimento rural pela UFGRS. Sempre prestativa e muito dedicada no que faz, Elisete adora cultivar e trocar mudas de flores. É preocupada com a qualidade de vida das famílias que aqui residem e tem cuidado e carinho especial pelas mulheres assistidas por ela em seu trabalho.  Sobre a mulher, Elisete pensa que elas precisam ser livres, poder fazer suas escolhas, ser independentes e ter sempre em mente que nós mulheres fizemos diferença aqui em Picada Café e também no mundo. Seu desejo é que todas as mulheres se cuidem, façam sempre os exames de rotina e, principalmente, sejam corajosas para enfrentaras situações da vida, com alegria! Elisete deixa um grande beijo a todas!

·        Anelise Ruppenthal Trierweiler - 37 anos

·        Sou Anelise Ruppenthal Trierweiler. Tenho 37 anos. Filha de Alberto Luiz Ruppenthal e Vera Marisa Kintschner. Casada com Joel Cristiano Trierweiler. Nasci em Nova Petrópolis, mas sempre morei em Picada Café. Estudei na Escola 25 de Julho até a 5ª série do Ensino Fundamental e da 6ª até 8ª série na Escola Décio Martins Costa. O Ensino Médio fiz no Colégio Frederico Michaelsen fazendo o curso de Habilitação para o Magistério. Fiz o curso de Licenciatura em História na Unisinos e me especializei em Gestão Pública na Universidade Federal de Santa Maria, através do Polo Universitário de Picada Café. Trabalho há 14 anos na Prefeitura do nosso município. O meu esporte preferido é andar de bicicleta. Quando era mais jovem adorava participar de concursos de beleza. Ganhei alguns, inclusive fiz parte da corte de Picada Café por volta dos anos 2000. Mas o desfile de hoje representa algo muito especial para mim, pois estou carregando alguém junto comigo! A mensagem que deixo alusivo para o dia de hoje é que existe uma combinação perfeita: ter fé. Nem sempre são flores que encontramos no caminho. Aliás, as vezes, as pedras parecem superar. Mas o tempo e a fé mostram que com essas pedras também podemos fazer degraus e subir!

·        Alexandra Faleiro, 39 anos

Meu nome é Alexandra Faleiro do Amaral. Fui diagnosticada com câncer tipo Linfoma. Fazem sete anos que terminei meu tratamento. Durante seis meses fiz a cada 15 dias sessões de quimioterapia. Todo tratamento de quimioterapia nunca é fácil, só quem passa sabe, por isso é muito importante o apoio da família e amigos. Mas o que realmente importa é você mesma acreditar em si. Tenho pra mim que primeiro precisamos cuidar da nossa alma, nossa mente e depois do nosso corpo. A cura precisa vir de dentro pra fora. Precisamos acreditar que somos fortes e bonitas, indiferente da nossa forma física. Com ou sem cabelo eu continuo ali, continuo sendo eu mesma. Mesmo durante o tratamento sempre acreditei em meus pensamentos que eu não podia estar passando por todo aquele processo se Deus não estivesse reservado algo de muito especial pra mim. Por isso hoje eu posso caminhar de mãos dadas com o maior presente que a vida me deu. Sim, eu venci o câncer. Muito prazer, meu nome é Alexandra Faleiro do Amaral, uma vencedora.

·        Liani Braun - 49 anos

Sou Liani Braun, tenho 49 anos, sou de Picada Café e sou mãe. Sou uma pessoa muito alegre, de bem com a vida. Nunca dei muita importância à saúde, até que, aos 44 anos, fiz uma mamografia e fui diagnosticada com câncer de mama no estágio quatro. Foi um choque, fiquei sem chão, é a notícia que ninguém quer receber. Comecei o tratamento imediatamente, em dois meses já havia feito a cirurgia. Fiz várias sessões de quimioterapia e radioterapia. Fiquei fraca, os cabelos caíram, mas venci! Venci graças a Deus e ao apoio que recebi da minha família, amigos e Unidade de Saúde de Picada Café, a quem só tenho a agradecer. Hoje, quando me perguntam sobre o assunto, aconselho a todas as mulheres que façam exames periodicamente e valorizem sua saúde.

·        Verônica Isabel Bohn, 37 anos

É… sou uma pessoa de sorte… Meu nome é Verônica Isabel Bohn, 37 anos, bancária, casada e mãe do Augusto Schneider. Fui agraciada por Deus com a maternidade, tenho um filho amado e família apoiadora. De repente em junho/2017 uma notícia de um tumor mamário, um câncer de mama. Foi um susto! Eu, família, amiga(o)s, colegas fomos pegos de surpresa. Meio assombroso, assustador. O medo. A dúvida. E, agora, é para ficar... consultas, exames, e o processo de tratamento. Não imaginava jamais ter um ¨CA¨, sempre fazia os exames. Neste período, parei de trabalhar e foquei total na minha recuperação. Fiz quimioterapia, mastectomia radical, radioterapia e reconstrução mamaria. Provei o lado mal da vaidade com as mudanças que o corpo da gente sofre, além das dores do tratamento e do luto, sentimento de perda. Não foi fácil, o tratamento é muito puxado! Em alguns momentos estava ausente de tudo, mas muito bem amparada pela medicina e pela minha fé. que sempre me fortaleceu. É… sou uma pessoa de sorte… Sorte porque já estou com minha saúde reestabelecida. Isso significa que nada melhor que um dia após o outro, mas nunca esquecendo que no final as coisas são como devem ser, e aprendemos com isso. De lá pra cá, os sentimentos mudaram, alguns passaram, outros voltaram e novos chegaram e continuarão chegando ... Mas, com tudo isso, sou uma pessoa de sorte. Apenas agradeço por Deus ter me dado toda essa sorte, essa sobrevida. Vivemos de ciclos...E nesses ciclos conhecemos pessoas simplesmente incríveis ... independentemente de qualquer coisa que venha acontecer, sempre, diariamente, proclame para si mesmo, dias melhores estão por vir ¨ ... A gente sempre acredita no futuro. Que nosso pai celeste não nos deixa só, e isso motiva a seguir ... E não esqueça: independentemente de qualquer coisa que venha acontecer, os melhores dias estão por vir ... Com dignidade, obrigada pelo seu tempo.

Com carinho, Verônica Isabel Bohn

Palestras nas empresas

Antes do encontro no parque, O Dia D Mulher teve rodas de conversa nas empresas Sugar Shoes e Coopershoes. A coordenadora de saúde, Marina Conceição Maia Fadrique, e a médica ginecologista Fabiana Kruppa lançaram novamente a importância da prevenção, fazendo exames anuais e também cuidar da saúde. Colocaram a rede de saúde à disposição para que a qualquer momento acionem os profissionais para buscar informações e ajuda.